sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Democracia e liberalismo no futebol brasileiro


Democracia e liberalismo

no futebol brasileiro





Vemos os times catarinenses subindo na Série B do Campeonato Brasileiro e assim percebemos a igualdade de possibilidade na conquista de uma vaga para o acesso a Série A. De curioso é o time do Joinville, que era muito bom nos tempos que meu pai era jovem e morava ainda na maior cidade de Santa Catarina. Também vemos por outro lado, o Timão ou Corinthians ainda entre os primeiros, mesmo sem ter um time de grandes estrelas, como antes ocorria, quando tinha o Fenômeno, Pato e outros. Isso prova o liberalismo e a democracia no futebol brasileiro.
 
 
 

Vemos no mundo a tendência a ainda se respeitar o esporte chamado futebol, apesar da Indústria Cultural que nos envolve, bem como a massificação que acaba por desfragmentar o torcedor. A liberdade ainda é a tônica, e times que antes estavam quase comunitários e regionais, ganham cada vez mais seu espaço na mídia nacional. O Joinville pode ser um deles. Talvez muitos conheçam o futebol catarinense pelo futsal, que lançou timões e grandes jogadores, como Falcão, e assim agora possam conhecer também o que surge em futebol de campo, bem como essa cidade linda que é Joinville.
 
 
 
 
 

Uma liberdade de ir, vir e permanecer. Bem como um utilitarismo, onde apenas o que é realmente reconhecido acaba por ter destaque. O futebol nacional, após aquele fiasco da Copa do Mundo, volta a respirar, e até a Seleção ganha alguns jogos, como a recente vitória contra a Argentina. Também a liberdade de ser jogador e não ser acusado ou mal falado, como ocorria nos anos de 60, 70. Hoje a liberdade fala que se pode ser atleta, que o esporte vale a pena e que tudo isso apesar de envolto na Indústria Cultural, ainda mantém um ideal de amizade e companheirismo. É o chamado Fair Play. Cada um tem seu direito a discutir e a buscar a reclamação, em verdadeira voz popular. Assim se vê torcida tirando técnico, apoiando jogador e por fim apoiando seu time.
 
 

Tanto a democracia, quanto o liberalismo, mesmo sendo doutrinas de primeiro mundo, acabam por influir em nosso esporte. Diferente da tendência à esquerda que vemos na política nacional, onde foi reeleita de modo apertado a Presidente da República, no esporte ainda se prefere a liberdade a igualdade. Doutro modo todos os times seriam iguais, em comunismo fútil de oportunidade e sem qualquer destaque. Resta que conciliemos não apenas norte e sul do país, sem divisão, mas que o esporte nos ensine que mesmo um time antes desacreditado, como o JEC (Joinville) pode ganhar destaque nacionalmente, e mostrar seu talento com a bola. E agora torcer pelo time faz do joinvilense alguém satisfeito com sua cidade e esporte, numa verdadeira democracia de campeonato.


domingo, 10 de agosto de 2014

Futebol: demonização e secularização até a ética protestante de pensador alemão Max Weber


Futebol: demonização e secularização até a ética protestante de pensador alemão Max Weber







Com o início da Copa do Brasil e do campeonato brasileiro, percebemos a pouca importância tática em nossos jogos, e mesmo a falta de continuidade de trabalho, revelando um caos em jogos e tendo dois grandes times abaixo na tabela, como o Flamengo e o Palmeiras. Por outro lado, percebemos times quites com dívidas, como os catarinenses, e alguma esperança inicial do Joinville na série B, porém com alguma queda de posição. Já o Vasco em alguns jogos não supera times da série B, tendo alguns jogos parelhos, e mostrando o equilíbrio do futebol nacional, diversamente de outras épocas. Também percebemos retorno de campeonatos europeus, como o russo e o holandês, que nos mostram uma grande qualidade tática, mas pouco talento de alguns atletas, em oposição ao nosso. Assim conferimos a demonização dos técnicos (o nosso disse que iria até inferno com a Seleção...) e a secularização da lógica alemã, quando da Copa atribuiu tudo ao trabalho, e nada a Deus. Esse paradigma veremos aqui.
 

Vemos esse erro nacional: culpar os técnicos. Com um futebol que já perdeu muito em qualidade, acaba-se por querer achar o defeito no treinador, no capitão, mas se esquece que não há colaboração individual. A base está fraca. Vemos times jogando sem esquema, com ligações diretas e dependendo de talentos individuais, o que tem pouca força ofensiva. Também vemos a axiologia envolta a deixar no milagre, a atribuir a Deus sem ter um esforço equivalente. Já lembrando a ética protestante, ou mesmo iluminista, vemos que o trabalho faz se merecer a bênção. Nisso entrou a Alemanha, quando da Copa, podendo agradecer a Deus mas também usando de sua “conversão” a um futebol mais qualitativo. A secularização também cumpriu um papel, pois se fez uma renovação ética. Por aqui vemos os times com altíssimas dívidas e uma série de desvios por partes de dirigentes de clubes e toda a sorte de demonização.
 
 

Isso ainda implica o capitalismo. Não é ruim buscar o dinheiro. Desde que se faça merecer e trabalhe para tal. Aí entra o merecimento e o que Max Weber de um trabalho fiel, espécie de trabalho pelo trabalho. Vemos isso também na mentalidade norteamericana. Por aqui o sujeito trabalha e se não precisar, fica na festa ou avacalha. Isso pode ser levado para o futebol. Não que não deva ter sua liberdade e opções de valores. O atleta tem de ter suas escolhas. Mas dentro do campo e do time não seria louvável ele usar do jogo apenas de troca por dinheiro. O segredo é a VOCAÇÃO. Vemos em alguns jogadores a total falta disso, e mais para outra, como de artista ou comentarista de televisão. Apesar que comentaristas de hoje foram grandes craques no passado. Contudo, vemos uma secularização, uma falta de fé no futebol, com a devida morte de Deus, estilo Nietzsche, e a troca disso apenas pelo dinheiro, e por um glamour que deve ser lidada com racionalidade, com uma autonomia da vontade, lembrando Kant.
 
 

Não há mal em ser rico, desde que a riqueza seja destinada e atribuída a Deus. Mas junto a isso tem de se ver o merecimento, vocação e mesmo o trabalho para tal. A secularização se deu muito quando religiões protestantes ou puritanos vieram da Inglaterra até os EUA, fundando um Estado em muito separado da Igreja. O futebol é de origem inglesa. E hoje temos o campeonato inglês como senão o melhor, um dos melhores do mundo. Por aqui por outro lado vemos uma pobreza do futebol, e campeonatos que dão sono. Esses dias falei com barbeiro, que é jogador amador, e ele disse que desistiu de ver determinado jogo de nossa “Série A”. Acredito que apenas ficou o nome de série A. Vemos por outro lado a demonização dos técnicos, que deveriam ser mais aproveitados e treinados, e não meramente trocados. Ensinar que não adianta ter jogadores com passe ruim, ou apenas volantes e ligações diretas, seria um grande começo. E que o jogador leve a sério treinos, jogos e tudo mais, numa secularização em que separe o seu estrelismo daquele momento de jogo, onde é igual a todos do time. Devemos valorar mais os goleiros, zagueiros e armadores, e não apenas endeusar atacantes. O time é um holismo, onde todos são necessários. Assim a lição do pensador alemão Max Weber nos prova que o problema não é o dinheiro, mas o modo como se chega a tal e como se leva em conta a vocação, que dá merecimento a essa bênção.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Futebol e a superioridade da filosofia Alemã


Futebol e a superioridade da filosofia Alemã








Foi positivo. Pensamos em reforma do nosso futebol e comparamos com a qualidade europeia, revendo nossos conceitos e combatendo a corrupção esportiva. Vejo isso como um processo de renovação ética, mais do que ética: mas cultural. No país do “jeitinho” de burlar a lei, de estádios super-faturados, de jogadores que não pensam duas vezes, ao se vender a times estrangeiros – fiquei feliz. Estou otimista. Desde aquele Santos x Barcelona, percebi a qualidade da estratégia dos europeus, frente a um futebol atrasado. Times brasileiros chegaram a nem ir em frente na Libertadores, e mesmo perderam para times africanos em outros campeonatos mundiais. Fato é que esse 7x1 da Alemanha foi a gota d'água da mudança. E essa mudança é ética, e mostrou a superioridade da filosofia alemã, de sua ética e de um processo de país que passou por guerras, por erros e acertos. Fico feliz porque começa a mudança, e só tende a melhorar. O futebol brasileiro de tempo já anda em decadência. Outras copas o provaram, como em 2006 e 2010. A justiça venceu, mesmo que por meio severo.
 
 

Há anos eu já escrevia sobre o futebol em meu livro Crítica da Moral, e entre outros assuntos, como ética e costumes, me veio a seguinte reflexão:Futebol: É interessante a compulsão de alguns homens pelo futebol e de torcer violentamente em prol deste (uma forma de lutar sem lutar ou de usar do testosterona...) e de colaborar com o “esporte” (ou melhor, marketing esportivo) onde se encontram previamente as cartas marcadas. Acredito que o ódio faça parte do amor, por isso vejo em nós homens tal destino primitivo. Vemos também nesse esporte uma forma de êxodo nacional, onde jogadores vendem sua alma para jogar no exterior, tudo isso pelo Deus dinheiro. Após a decadência, esses mesmos jogadores retornam ao seu país de origem para jogar entre aqueles que tanto “estimavam”, mesmo que por menos dinheiro”. Não se precisa explicar muito, e sabemos que hoje as coisas mudaram muito no futebol. Menos aqui. Acham que podem vencer com peso da camisa, sorte entre outros mitos.
 

A seleção do Brasil já vinha na sorte desde o começo, e achava eu que nas eliminatórias, se jogasse, nem se classificaria. Pois bem. Fomos até bem na copa, com o times que tínhamos. Sem atacante, sem novo goleiro, com time parecido com o de 2010. Uma pessoa disse que nosso time é inferior ao de 2010, acho que um técnico estrangeiro. Ele acertou. Não convocamos Kaká, nem Robinho, nem Lucas, e tantos outros. Qualquer um que entendesse de futebol via que essa seleção não ia longe, a não ser na sorte. Disputa de pênaltes foi sorte, contra Chile. Da Colômbia jogamos bem. Mas não merecia ser campeão, de jeito algum. Se fosse, eu diria que foi comprada a Copa.
 
 

Mas vieram times que golearam e ganharam. França, Holanda e Alemanha. Esses três deveriam ser os melhores. Provaram isso. E a filosofia alemã foi a melhor. Eles se recuperaram de 2002 e depois disso vieram com tudo. Usaram da experiência de um Marx, de um Kant, de um Hegel, de tantos pensadores alemães, de vida e de seriedade. Respeitaram nosso time. Poderia ter feito mais de 10 gols se desejassem. Foi mais uma lição de vida, de superação. Isso podemos ver na China nas Olimpíadas, dos EUA e assim vai. É investimento e cultura. Não se trata de culpar um time, mas sim de ver a estrutura. Uma nova era tem de vir, restaurando o futebol arte. E realmente se investindo no esporte, e não apenas deixando que jogadores se vendam a estrangeiros. Isso envolve uma ética, e um comportamento. Não vemos ainda no Brasil esse comportamento, nem a seriedade em muitas coisas. O futebol e o 7 a 1 foi apenas um reflexo dessa crise ética.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

A Seleção Brasileira, mito de Sísifo e filósofo Leonardo Boff




A Seleção Brasileira, mito de Sísifo e filósofo Leonardo Boff






         Presenciamos o jogo da seleção contra a Croácia de modo assustador. O Brasil começou jogando nervoso, e aos poucos foi se soltando, tendo a triste surpresa de levar um gol, mesmo que contra, em descuido de Marcelo. Por outro lado, vimos o gol na sorte de Neymar e uma esperança da virada, ainda com uma ótima atuação de Oscar e Paulinho. A seleção está com a defesa arrumada. Mas falta muito para almejarmos a taça.

Mas vimos erros de passe e contra-ataques do adversário, o que me lembrou do mito de Sísifo, onde um homem carrega uma pedra redonda nas costas montanha acima, deixando que ela role pra baixo, a fim de levar novamente. Também me lembrou a filosofia de Leonardo Boff, uma vez que nossa seleção era a dimensão água, que tem ampla visão, e a da Croácia a dimensão galinha, a qual ciscava sem ter um atacante.
 
 
 
 

No geral o jogo não foi o dos mais belos, mas ganhamos. Se a seleção jogar feio e ainda ganhar, estaremos felizes. Muitas vezes não é o que mais belamente joga que ganha. Talvez o belo jogo da Espanha, ou o bom esquema tático da Alemanha não tenham efeito, se não ganharem. O que vale é o gol, que é o elemento teleológico do jogo. Sem ele não basta fazer jogo bonito. E já cumprimos nosso papel, nesse aspecto simbólico de nossa Seleção, lembrando mais uma vez Boff. Pois tivemos um time que jogou unido, e mesmo Neymar já falou em coletiva que se vê como “mais um”. Nas duas Copas anteriores tínhamos um estrelismo, que entrava de salto alto e não mostrava essa humildade, o que agora é positivo.



Mas a Seleção continua carregando uma grande pedra em campo. Joga pesado, apesar de tudo. Depender de gol onde goleiro falha, pênalti que não ocorreu, é por demais arriscado. Outro árbitro teria dado cartão amarelo a Fred. Foi clara simulação e na sorte conseguimos virar o jogo. Fato é que a montanha é maior, e que não se pode comparar a Copa América, a qual foi meio barbada. Temos ainda por vezes uma divisão, o que Boff chama de dia-bólico, e isso separa os atletas a ponto de errarem passes e fazerem aqueles lançamentos longos que saem pela linha de fundo. Felipão talvez não veja que nem sempre é bom deixar o time muito avançado, uma vez que a defesa está aberta pelas laterais. A Croácia jogou muito livre e apenas não fez mais gols por defesas de Julio César e porque não tinha atacante. Devemos reconhecer que somos águia, ou mesmo outra ave nacional, para vermos amplamente esses aspectos, antes que nas oitavas ou quartas tenhamos de chorar a perda.








sábado, 31 de maio de 2014

Reflexões pré-copa e previsão sobre as oitavas de final

Reflexões pré-copa e previsão sobre as oitavas de final


         Nas vésperas da Copa do Mundo de 2014, vemos uma visão positiva sobre o nosso futebol e comparações com seleções anteriores, apesar de que não vejo que a Copa das Confederações seja padrão de comparação. Já falei que assim procede Felipão, filosoficamente, ao notarmos seu poder essencialista: “Penso: logo o time existe”. Também que pouco se fala do fiasco da Copa de 2010, e de muitos jogadores que lá estava, voltarem na presente competição. Ademais, não é difícil de fazer uma previsão sobre quais times estarão nas oitavas de final, apesar de a ordem de primeiro e segundo nas chaves talvez ainda ser uma incógnita. Também nos leva a crer em uma “mais valia”, naquilo que a seleção e todos lucram, exceto o povo trabalhador, o que resulta nas manifestações.

         Mas é com sofrimento que uma árvore cresce, já lembrava pensador alemão Friedrich Nietzsche. E o que não mata deixa mais forte. Se a seleção perdeu as últimas Copas do Mundo, talvez seja para que renasça das cinzas e feito fênix mitológica alcance a plenitude. Claro que a nossa esperança reside na crise de outras grandes seleções, e em craques não renderem tanto nelas, como já ocorreu com Cristiano Ronaldo na de Portugal e Messi na da Argentina. Isso sem falar em perdas de atletas em outras grandes seleções, por lesões e motivos que os tirem de campo. Surge porém uma forte Bélgica e uma Alemanha que ainda tem um esquema muito bem organizado, independente de perdas de atletas.


         Sobre quem será os adversários na fase eliminatória, ou nas oitavas, já se faz um prognóstico, colocando-se as grandes lá. Pois a fase de grupos ficou tranquila, exceto o grupo chamado da morte, que envolve Chile-Espanha-Holanda. A Espanha de base Barcelona, a Holanda com sua força tática de sempre, e o Chile com seus talentos individuais. Essa trindade de Grupo B parece que pode nos revelar algo ainda hermético. No mais tenho algumas exceções para quem chega nas oitavas. Retirando as seleções africanas, uma vez que lá vejo futebol desorganizado, apesar de grandes talentos, e colocando uma seleção oriental nas oitavas.

Vimos na pré-copa uma série de comparações, em especial com Marcelo, haja vista sua participação brilhante na final com Real Madrid. Porém o jogador é reserva do time e quem joga em sua posição é Coentrão. Compararam Marcelo com Roberto Carlos, apesar de eu não ver um estilo de jogo parecido, e nem com Branco, outro que fizeram um paralelo. Roberto Carlos era pura força física, e potente chute, já o Marcelo tem mais drible e corrida. Já Branco era bom em armação e cobrança de falta. Afinal, não temos bom cobrador na seleção, talvez ficando Hulk nesse papel. Do mais não se vê comparação de Neymar com Romário, e nem com Ronaldo fenômeno, uma vez que estes dois últimos eram gênios e constantes, marcadores de gol mesmo.
Já nas oitavas de final podemos seguir a presente tabela:
Brasil
X Holanda
Japão
X Itália
França
X Bósnia
Alemanha
X Rússia
Espanha
X México
Inglaterra
X Colômbia
Argentina
X Equador
Bélgica
X  Portugal


Dessa minha predição, desse oráculo, coloquei a seleção do Japão, que já teve ótima apresentação na última Copa, e as oriundas de URSS, no seu comunismo futebolístico, e ainda nas latinoamericanas, que agora compensariam o fiasco da Copa de 2010. De resto pode apenas ficar a ordem trocada. Coloquei Japão pela escola de Zico por aquelas terras e de seu futebol de velocidade e ataque. O mesmo se pode dizer da Rússia, que já revela bons craques e que tem certa regularidade. A Bósnia pode ser uma surpresa, mas não vejo nas seleções africanas ainda uma evolução de esquema tático, haja vista jogarem muito soltos e sendo fracos na marcação. O futebol pós-moderno é tático e de marcação, não mais de meros talentos individuais.  Assim haverá surpresas, não apenas ficando na promessa, uma vez que o futebol vem tendo transformações, numa verdadeira aporia ou ideia sem saída. O mundo platônico não vale tanto no campo, mas vem sim um materialismo desfalcar as esperanças. 

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Convocação e seu aspecto filosófico




Convocação e seu aspecto filosófico






Felipão usou de temperança ao convocar jogadores. Não modificou muito, e em muito manteve as escolhas já presentes em Mano e em Dunga. Usou de uma linha além da platônica, mais aristotélica, unindo o ato a potência. Ele fez um cogito, “penso: logo o time existe”. Não se deixou influenciar por achismos e opiniões. Se assemelhou a Sócrates em um julgamento, quando foi o único a votar contra. Mas, a base do time agora foi de maioria de jogadores de equipes europeias, o que não é ruim, uma vez a crise interna de nosso futebol. Não temos mais aquelas estrelas de outrora, mas assim nosso time começa com mais humildade. Não se compara a Copa de 2002, apesar do “professor” querer ver comparação, uma vez que lá tinha o Fênomeno, e muitos craques, de incrível desempenho. Hoje temos um time de mais craques na zaga e meias, o que é outra dimensão. Nosso time é mais marcador.

 


Quando vi os jogadores, pensei: “já sabia”. Não houve nenhuma surpresa e fora uns três atletas, do mais vemos muito que já montou Mano e Dunga. Também vemos uma sombra do time da Copa de 2010, e assim teremos de ver se a equipe usa mais de sua “Vontade de Potência”, lembrando ensinos de filósofo Friedrich Nietzsche. Essa convocação foi de uma certa ataraxia, onde se conformou o treinador com o time que tem. Não deseja nenhum além mundo, e nem algum céu ideal, mas entende pronto para ganhar a Copa com essa equipe. Ele se tornou um materialista histórico, vendo na seleção brasileira um “socialismo científico” do futebol, sem classes e sem preferidos.



Notamos assim aqueles jogadores que já trabalham de forma equilibrada em suas equipes, e que mantém alguma regularidade. Jogadores como aqueles do Chelsea mostram qualidades, apesar de talvez não serem grandes estrelas como os Ronaldos. O que quebra um pouco é o goleiro, que vinha meio sem a regularidade de jogos, mas que nos reserva um herpismo, um impulso idealista, quase hegeliano. Vemos nele um retorno do espírito ou daimon de Tafarel, e assim podemos esperar um bom trabalho de Julio Cesar. Pelo nome e sua mensagem de poder, já temos alguma segurança. Jogadores novos como Bernard, podem reservar alguma surpresa, haja vista o espírito leve e tranquilo de se jogar, molecagem que às vezes fz falta em jogos. Também não vejo temor no time da Croácia, uma vez que não falamos daquele time da copa de 1994, que era bem outro.


 
 

Fato é que em jogadores marcadores e marcados pela estratégia de times europeus, temos mais segurança na marcação e em alternativas de se furar barreiras dos adversários. Talvez não se concentre tanto em Neymar o sucesso de nossa equipe, mas mais em elementos surpresas no ataque, que podem inaugurar o placar e assim desestabilizar o adversário. Sabemos que temos vários elementos talentosos em nossa equipe, e se não temos mais o “quadrado mágico” de gênios do ataque, resta pelo menos um conjunto bom de marcação e estratégia. A equipe assim ganha mais opção, apesar de não ter nenhum salvador. E a convocação não foi das melhores, mas foi a que se tinha acesso e possibilidade. Com a falta de gênios, não podemos mais garantir como no tempo de Pelé, Garrincha e tantos outros, onde havia uma seleção genial. Temos essa seleção de trabalho, proletária e que por fim pode vencer a burguesia europeia, mesmo que apenas no campo.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Finais de campeonatos e a psicologia esportiva


Finais de campeonatos e a psicologia esportiva



Presenciamos no ultimo fim de semana as finais de campeonatos, e nos surpreendemos com alguns resultados, e mesmo com desempenho de atletas, fatos inusitados e confusões. Vemos assim que a cabeça dos jogadores conta muito nesses momentos, e que uma fração de segundo põe todo o campeonato em jogo. Isso se deu principalmente no campeonato catarinense, em que o Joinville levou um gol do Figueirense em questão de 10 segundos de jogo, por começar a partida de forma apática ou catatônica. Presenciei meu pai indignado com o fato, haja vista que ele era torcedor do JEC nos seus tempos áureos, quando o time até agradava. Nesse ressurgimento e veio a decepção. Não fosse essa apatia psicológica, teria no empate ganhado o campeonato catarinense. Já no paulista e carioca, vimos o mesmo tom. Um gol em final de partida, ou mesmo em disputa de pênaltis, leva a um abalo que leva o atleta a desistir da batalha, e isso mentalmente, em seu inconsciente.

Quando vemos um time como o Ituano, que por mérito legítimo chegou a final do campeonato paulista, sabemos que ainda existe democracia. O esporte reflete muito o que é a sociedade brasileira. Mesmo árbitros em erros óbvios, e assistentes técnicos (bandeirinhas), nos mostram essa crise ética. Um gol feito após impedimento não marcado, ou mesmo em suposta irregularidade (do Flamengo), mostra bem esse viés do futebol brasileiro. Mesmo que o campeonato carioca parece ser um de poucos times de importância, que nem se compara ao paulista, esse cheio de clássicos (derby). Mas o Ituano veio com a vantagem, e mesmo com o Pelé apoiando o Santos, não restou outra coisa do que imperar a justiça de vencer o melhor, e o time de Itu era melhor. Isso quebra a barreira de um imperialismo paulista, que antes colocava nos grandes o sorteio da vitória, e que agora mostra a crise do futebol subdesenvolvido que presenciamos em nossos campeonatos.
 



Com relação a psicologia esportiva, o momento dos pênaltis é crucial. Chutar a bola com demasiada potência, ou mesmo na trave, mostra bem a crise interna do batedor. Ocorre o fenômeno do “pensar demais”, ou overthinking, e daí o atleta acaba perdendo o pênalti ou batendo de forma estranha. Isso vemos também quando o atleta leva o problema pessoal par dentro de campo, e perde rendimento. Isso de perder pênaltis vemos muito em craques. Se eu fosse fazer a lista de batedores, não usaria o craque. Percebo que tamanha a pressão psicológica que o mesmo tem a fazer gol, este acaba entrando numa crise interna. Melhor deixar que jogadores mais estratégicos batam. Também vemos que a ansiedade é muita, e que a pressão de uma final acaba por construir um conflito interno nos jogadores. Assim eles tem o medo de perder, o que poderia acarretar na perda financeira e de futuro de vida. Vimos, por outro lado, jogadores do Ituano tendo oportunidades de alavancar a carreira, e assim mostrarem o dom esportivo.
 
 
 
 

Outro fator que perturba atletas atualmente é essa vida de artista a fama. Isso não ocorreu com os jogadores de Itu, haja vista virem com talento e a coragem, sem aquela cobrança histórica que tem outras equipes, como Palmeiras, Santos, São Paulo e outras. A fama gera uma carreira paralela, que desvia a energia do atleta. Sabemos que uns lidam bem como isso, como Cristiano Ronaldo, mas outros nem tanto. Há jogadores que com a fama se entregam a festas e demasiada atividade que não o esporte, e assim perdem o dom de jogar como dantes jogavam. Pilotam melhor um carro esportivo de milhões ou iate, do que conduzem a bola. Assim vemos nos antigos jogadores aquele afinco que os levava a batalha para o campo. Não comparamos certos jogadores no passado, que era verdadeiros gênios da bola, e que tristemente não tiveram todo o dinheiro que jogadores atuais possuem. Mas sabemos que a psicologia esportiva leva a saber lidar com essas questões e pensar corretamente, e que em fração de segundo se perde um campeonato, como com o Joinville, e que um time pequeno pode avançar até a taça, quando sabe ser a disputa de um mero jogo de futebol, e não de fama. Que os times grandes invistam em verdadeiros jogadores de futebol, e não apenas em artistas.

domingo, 16 de março de 2014

Carência de craques e véspera da Copa do Mundo


Carência de craques e véspera da Copa do Mundo








Presenciamos às vésperas da Copa do Mundo uma série de falta de surpresas. O futebol está carente, e os ídolos que brilharam na copa passada devem retornar. Acompanho o campeonato catarinense e quase choro da carência de técnica. Passando ao Campeonato Paulista e Carioca (Guanabarra) vejo a falta de craques, de show-man, estes que acabam caindo na Europa. Agora sabemos que no primeiro mundo há também o primeiro mundo do futebol. Apesar que naquela copa não vimos brilhar tanto Cristiano Ronaldo e Messi, e nesse ano teremos Neymar, que não parece estar rendendo no Barça, recebendo até vaias. Mas vemos bons jogadores, como nesses dias William do Chelsea, apesar que expulso por falta que nem ocorreu.
 
 

Jogão foi Manchester City versus Barcelona, apesar de que lá vimos muito cuidado de ambas as equipes. Esses dias presenciei um outro jogo que o time de azul jogou contra Hull City e lá sim se superou. Vemos uma arte, uma dança quando presenciamos o futebol europeu. Aqui vêm aqueles jogos no Brasil sem o mesmo brilho. Isso porque os Show-man acabam por buscarem salários maiores e uma fama internacional. A globalização afeta o esporte, estamos em tempo de integração e quebra de fronteiras e soberanias.
 
 
 

Vemos assim um jogador japonês cristão, um europeu budista, um africano católico e por aí vai. As filosofias não têm mais limites e certezas. Não vemos mais a questão racial, e hoje tudo que se faz é uma democracia do esporte, pelo Fair Play. A competição deu lugar a apresentações da geração do espetáculo, e a qualidade se reduziu, haja vista os times muito esquematizados, demasiado metódicos. Hoje o futebol é de marcação. A seleção brasileira teve de se adaptar a isso. Por isso se nota um time que preza pela defesa e meias, não tanto por atacantes, como antigamente. Mesmo porque não temos mais os Pelé, Romários e Ronaldos. O Neymar e nem outro atacante conseguirá fazer milagres. Quando muito vemos em um Messi que está acima dessa média de atacantes. Mas o que vale é que existe tamanha diversidade que o esporte democratiza, faz da política global e da mídia meios de apenas revelar o óbvio. Temos na seleção brasileira de apostar no conjunto, sob pena de perdermos mais uma vez a copa em casa.