sábado, 3 de dezembro de 2016

Chapecoense: voo para a eternidade


 


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O conceito de filosofia pode também ser descrito como uma reflexão sobre a morte. Assim lembrou Heidegger e assim nos mostrou os últimos momentos de Sócrates, na Grécia antiga. Presenciamos a tragédia da Chapecoense justamente com esse sentimento e reflexão, onde a morte ganha o cenário de hoje, com o velório que será acompanhado por mais de 100000 pessoas, isso sem contar o contato virtual e televisivo. Sêneca e Cícero também refletiam bastante sobre a morte e a brevidade da vida, e muitos outros pensadores se dedicaram ao tema. Schopenhauer via muita coisa com pessimismo, mas a morte ganha um sentido ali na sua obra “O Mundo como Vontade e Representação”. Mas os jogadores marcaram época, não por esse fato somente, mas pelo seu talento em ser talvez o melhor time catarinense que vimos.

 
 


Sobre o futebol catarinense, talvez poucos saibam que ele tem muita qualidade, e muitas equipes podem ser congratuladas nesse sentido. Vimos além da Chape, o Figueirense, o Avaí e mesmo o Joinville (JEC), Criciúma, ganhando destaque, seja na série A, seja na B do Brasileiro. O destaque para esse último, juntamente com o time de Jaraguá do Sul, é para o futsal, que está entre os melhores do mundo, formando de certo modo a Seleção Brasileira. Então Santa Catarina tem o que dizer do futebol, e com a Chape isso seria ampliado de forma considerável. Longe da morte, eles estão vivos em nosso mundo do futebol, nos corações de todos, e isso já ganha o mundo. Jogadores e técnicos de times como o Barcelona, Real Madrid e tantos outros entre os melhores do mundo, lembraram da Chapecoense e de seus jogadores, e fizeram homenagens e mostraram sentimentos.

 
 
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Fato é que o futebol aqui começa muito humilde, e que jogadores vestem a camisa e mostram o seu amor realmente. Seja com certa dificuldade em formar as equipes, os técnicos também são centrais nisso tudo. Caio Júnior era um líder que fez história. Verdadeiro e sincero. Um verdadeiro companheiro aos jogadores, e junto com estes, traz consigo uma história de vitória. De Santa Catarina para o mundo, perdemos o ideal em um voo. Junto com esse avião partimos e nosso destino foi o celeste. As estrelas foram habitadas por seu brilho, o brilho de cada um daqueles jogadores e participantes da equipe. Partem com honra para a eternidade, e um time se monta no céu. Que esse fato nos mostre e renove os pensamentos, que sejamos mais humanos e tenhamos qualidades nobres, frente a realidade da brevidade da vida. Vemos que a bola é ideia, e essa ideia move o mundo, trazendo a paz entre nações, unindo diferenças, provocando o companheirismo. O Chape tira uma parte de cada amante do futebol do planeta.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O Brasil volta a ser Brasil, e lição da causalidade de Hume


O Brasil volta a ser Brasil, e lição da causalidade de Hume



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    Desde que o técnico Tite assumiu a seleção, vimos um time que não mais parece o mesmo. Passou a ganhar jogos e já quase programa comprar a passagem para a Rússia, para a próxima copa do mundo. Após a vitória do ouro das Olimpíadas, a camisa amarela superou qualquer causalidade, que antes era o fato de um time ruim perder. David Hume, um dos pensadores empiristas, dizia que não há essa causalidade, pois acreditamos mais em fatos, e o amanhã não pode acontecer o que antes ocorria. A causalidade então nos desafiou, aprovando as reflexões de David Hume.

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    O embalo parece ter ocorrido primeiro com os jovens nas olimpíadas. Apesar de criticados pelos torcedores, que pediam Marta nas arquibancadas, homenageando a também boa seleção de futebol feminino, mas que por fim não teve o resultado esperado. Mais uma prova da causalidade que nos engana. Isso pode se aplicar a crise econômica: hoje estou em crise, e amanhã estou inesperadamente próspero. Isso lembra ainda Parmênides, que disse que o Ser é e o não ser não é. Pensava a torcida que o time masculino era um “não ser”, e que o feminino era bom. Talvez eles ligaram, como fez Platão, o belo ao bom. Mas não ocorreu. E nos piores momentos que se mostrou a planta ser forte, pois as raízes podem não ser belas, como lembrou Alain de Botton sobre Nietzsche, em sua obra. Que nem dizia Aristóteles, “em algum lugar alguém merece a minha confiança”, mesmo tendo errado em algum lugar. Assim foi com Tite, ele tinha confiança na seleção, mesmo todos já perdendo a esperança. E vimos dois bons jogos, com vitórias.

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      Nos dois jogos a seleção brasileira jogou bem, tirou o ar dos adversários. Tite saiu de um time vencedor para tornar outro. Assim vemos que não basta fama, se tem de ter resultado. O time tem boa marcação, bem como volta alguma animação em dribles de jogadores. Gabriel Jesus está se destacando, e os jogadores começam a ter sintonia. Um gol sai até de jogada ensaiada. Isso ensina a todos nós, que mesmo com o time perdendo, ou seja, a crise na vida, pode amanhã ou desde logo vencer. O time cobre os espaços do campo, não se vê mais a confusão anterior. Antes havia o caos. Estavam que nem os átomos antes da ordem, de Demócrito. Mas a perseverança no erro que é uma loucura, como disse Zenão. Assim mudamos de técnico e colhemos bons frutos. Pois antes havia uma alternância entre professores que não entrosaram o time. E o que antes era efeito da causa, nos mostrou ser apenas uma crença ou fato, como ensinou Hume.